A influência indígena e africana no Sul do Brasil, embora muitas vezes ofuscada pela predominância das tradições europeias, tem um impacto significativo na formação cultural da região. Apesar de não ser tão visível como no Norte e Nordeste, a herança desses povos está presente em diversos aspectos culturais, como na culinária, religião, música e práticas agrícolas.
Os povos indígenas, como os guaranis, kaingangs e xoklengs, habitavam o Sul do Brasil muito antes da chegada dos colonizadores europeus. Eles deixaram uma marca profunda na cultura local, especialmente nas práticas alimentares e no conhecimento sobre o meio ambiente. Alimentos nativos, como o milho, a mandioca e o pinhão, são parte essencial da culinária sulista. O pinhão, em particular, é um símbolo cultural na região, especialmente em Santa Catarina e no Paraná, onde a árvore Araucária, que produz o fruto, é típica.
Além da alimentação, as técnicas de cultivo utilizadas pelos indígenas, como o sistema de coivara (limpeza de áreas para plantio por meio de queima controlada), influenciaram a agricultura regional. Há também influências linguísticas, com termos de origem tupi-guarani incorporados ao vocabulário cotidiano, principalmente em nomes de rios, cidades e localidades, como Iguaçu, Itajaí e Curitiba.
A presença africana no Sul do Brasil se deu principalmente por meio da escravidão, com a chegada de negros africanos trazidos para trabalhar em lavouras, especialmente nas áreas rurais. Apesar de numericamente menor do que em outras regiões do Brasil, a contribuição africana é importante, principalmente nas áreas de música, dança e religião.
Na música, ritmos africanos influenciaram o fandango, dança típica das comunidades caiçaras do litoral do Paraná e de Santa Catarina. O uso de instrumentos de percussão e o estilo de dança coletiva com forte batida rítmica são elementos que remetem à cultura africana.
Na religião, a presença do candomblé e da umbanda também é significativa, embora tenha permanecido mais discreta em relação a outras regiões do país. No entanto, comunidades afro-brasileiras preservam práticas religiosas e culturais que mesclam tradições africanas com o catolicismo, formando um sincretismo religioso.