Desde a assinatura do decreto de julho de 2023 que restringiu o acesso a armas no Brasil, o governo federal tem enfrentado desafios para implementar mudanças significativas no mercado de armamentos. Apesar das novas restrições, o número de certificados de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs) subiu de 1.786.536 em dezembro de 2022 para 1.867.558 em junho de 2024, um aumento de quase 5%. O número de armas em posse dos CACs também cresceu, passando de 1.277.170 para 1.366.845 no mesmo período.
Especialistas atribuem o aumento ao fato de que as armas adquiridas durante o governo Bolsonaro não foram retiradas após a implementação das novas regras. A gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi, sugere que a persistência da cultura de acesso às armas e a renovação dos acervos de CACs podem explicar o crescimento. Além disso, o decreto impôs novas restrições aos colecionadores, excluindo muitas armas recentes dessa categoria e levando a um recuo no número de armas registradas.
O cenário de fiscalização continua sendo uma preocupação central. Apesar da transferência da responsabilidade para a Polícia Federal, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) destacou que a fiscalização anterior pelo Exército era deficiente. Pollachi ressalta que, mesmo com a mudança, a eficácia da nova política depende do adequado financiamento e suporte à Polícia Federal para garantir a implementação eficaz das regras. Além disso, a batalha política sobre o controle de armas continua, com propostas no Congresso tentando flexibilizar ainda mais as restrições estabelecidas pelo governo atual.