A habilidade do Palácio do Planalto em acomodar interesses parlamentares sem perder a autonomia na execução de políticas públicas tem afetado o desempenho do governo nas votações no Congresso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu converter em lei apenas um quarto dos 75 projetos enviados ao Legislativo desde janeiro, marcando o pior resultado em 33 anos, inclusive os dois mandatos anteriores do petista. Especialistas atribuem esse baixo índice de sucesso à disputa de protagonismo com o Parlamento.
De acordo com uma análise do jornal O Globo, Lula registrou um desempenho inferior até mesmo ao do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, em seu primeiro ano de governo (2019), aprovou 32% das 79 propostas apresentadas, mesmo não contando inicialmente com o apoio do Centrão. O percentual de sucesso de Lula fica abaixo da média dos anos de Dilma Rousseff, que foi de 57%. Comparativamente, Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) obteve 46%, enquanto Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Collor (1990-1992) alcançaram 46% e 55%, respectivamente.
A eficácia mais notável na aprovação de propostas de autoria do Executivo foi registrada pelo próprio Lula em 2006, quando transformou em lei 80% das 105 medidas enviadas, estabelecendo um recorde. O governo, ao ser procurado, não forneceu comentários sobre o assunto.
m.n.