O escritor, crítico literário e filósofo Antonio Cícero, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), faleceu na Suíça após se submeter a um procedimento de morte assistida. Aos 77 anos, Cícero sofria de Alzheimer e, em uma carta de despedida, explicou sua decisão de optar pelo procedimento no país europeu, onde a prática é legalizada.
Segundo a ABL, o filósofo vinha tratando complicações neurológicas causadas pela doença e escolheu essa forma de morrer para evitar o sofrimento prolongado causado pela progressão do Alzheimer.
Além de seu trabalho como poeta e filósofo, Antonio Cícero foi um renomado letrista, criando músicas de sucesso para artistas consagrados como Marina Lima, Lulu Santos e Maria Bethânia. Sua obra como compositor marcou a MPB, unindo seu profundo conhecimento filosófico com a arte popular.
A prática de morte assistida, escolhida por Cícero, é um ato que permite ao paciente encerrar sua vida de forma voluntária e sem dor, com a ajuda de uma equipe de saúde, mas a própria pessoa realizando o ato.
Na eutanásia, o médico aplica a substância que induz a morte, enquanto na morte assistida, como foi o caso de Cícero, o médico faz a prescrição e auxilia o paciente, mas o ato final é conduzido pela própria pessoa.
“Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!”, escreveu o filósofo.
Henrique Mourão