Um marco mais do que importante ocorreu neste ano no Brasil. Foi anunciado pelo Ministério da Saúde que o Brasil atingiu os critérios internacionais para eliminar a transmissão vertical do HIV, ou seja, quando o vírus passa da mãe para o bebê. A conquista foi apresentada no novo boletim epidemiológico de HIV e Aids, divulgado nesta segunda-feira (1º). A certificação oficial ainda depende da avaliação final da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o levantamento, em 2024 a taxa da transmissão vertical ficou abaixo de 2%, e a infecção em crianças permaneceu inferior a 0,5 caso por mil nascidos vivos. Também houve redução de 7,9% nos diagnósticos de gestantes com HIV e queda de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus. Além disso, o início tardio da profilaxia neonatal teve diminuição de 54% em relação ao ano anterior.
Com esses dados fica claro que a luta no Brasil pelo enfrentamento ao HIV vem ganhando mais força e atingindo novas metas, que trazem metas e conquistam imaginadas apenas como possíveis mais a frente. O Brasil registrou 9,1 mil mortes por Aids em 2024, uma queda de 13% em comparação com 2023, o menor número em 32 anos. Os novos casos também diminuíram levemente, totalizando 36,9 mil no último ano.
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os resultados refletem os investimentos em prevenção, diagnóstico e acesso gratuito a tratamentos pelo SUS. Ele destacou que as terapias atuais conseguem tornar o vírus indetectável e intransmissível, permitindo mais qualidade de vida às pessoas que vivem com HIV.
O boletim também traz dados do Rio de Janeiro, onde a taxa de detecção de HIV caiu de 57 casos por 100 mil habitantes em 2017 para 41,4 em 2024. Para 2025, os números preliminares mostram queda para 29,6 casos por 100 mil habitantes. Houve ainda redução expressiva nos casos de transmissão vertical na capital: de 23 casos em 2014 para apenas dois em 2025.
Apesar dos avanços, o perfil dos novos infectados segue concentrado em homens jovens, e os dados reforçam desigualdades raciais: a proporção de casos entre pessoas negras aumentou ao longo dos anos, enquanto diminuiu entre pessoas brancas. A mortalidade também é maior entre homens e entre pessoas pretas e pardas.
Com mais de 95% de cobertura no pré-natal, testagem e tratamento para gestantes vivendo com HIV, o Brasil consolida um importante passo no combate à doença. A expectativa agora é pela certificação oficial da OMS, que deve confirmar essa conquista histórica para a saúde pública.





