Agricultores franceses continuam a expressar sua insatisfação com o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, realizando protestos pelo terceiro dia consecutivo nesta quarta-feira (20).
As manifestações, que tomaram várias regiões da França, destacam a preocupação dos produtores locais com a concorrência de produtos agrícolas sul-americanos, que podem se tornar mais baratos no mercado europeu, impactando diretamente a competitividade dos produtos franceses. O acordo, que ainda precisa de aprovação final, envolve países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, gerando reações diversas entre os membros da UE.
O tratado, negociado há mais de duas décadas, está no centro de um intenso debate político e econômico na Europa. Enquanto países como Espanha e Alemanha apoiam sua ratificação, o presidente francês, Emmanuel Macron, mantém uma postura crítica, citando preocupações ambientais e de proteção ao setor agrícola francês.
Os agricultores, por sua vez, temem que o acordo favoreça práticas agrícolas menos rigorosas em termos de sustentabilidade e segurança alimentar, dificultando ainda mais a competição no mercado europeu.
Durante os protestos, os manifestantes adotaram estratégias de impacto para chamar atenção à causa. Além de bloquearem estradas em várias regiões, agricultores depositaram estrume em frente a prédios públicos e despejaram tanques de vinho provenientes da Espanha, país que lidera as negociações com o Mercosul. Essas ações visam pressionar o governo francês e a UE a reconsiderarem os termos do tratado, defendendo maior proteção ao mercado agrícola europeu.
Os protestos ocorrem em um momento estratégico, coincidindo com a passagem de líderes da UE pelo Brasil para o encontro do G20, realizado nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Foto: Reuters