Não são tanques nem soldados que dominam os campos de batalha do século XXI, mas chips, satélites, inteligência artificial e redes de fibra óptica. A disputa entre China e Estados Unidos pela hegemonia tecnológica já não é mais apenas uma questão econômica — é um jogo de poder geopolítico, com efeitos concretos em diplomacia, segurança, indústria e até na vida cotidiana de bilhões de pessoas.
De um lado, os Estados Unidos tentam manter sua posição histórica como potência inovadora, investindo pesadamente em semicondutores, inteligência artificial, cibersegurança e pesquisa avançada. Do outro, a China avança com velocidade, por meio de planos estratégicos como o “Made in China 2025” e o apoio estatal a gigantes como Huawei, ByteDance, Alibaba e SMIC. O objetivo é claro: reduzir a dependência de tecnologias ocidentais e assumir a dianteira em setores-chave do futuro.
O epicentro da tensão está nos microchips, considerados o “petróleo” da nova era. Em resposta ao avanço chinês, Washington impôs sanções, restringiu o acesso da China a tecnologias de ponta e pressionou aliados a fazer o mesmo. Países como Japão, Alemanha, Coreia do Sul e Holanda, fornecedores essenciais de equipamentos e know-how, passaram a rever contratos e alinhar suas políticas comerciais à estratégia americana.
Mas Pequim não recua. Com apoio financeiro massivo, universidades tecnológicas de ponta e um mercado interno gigantesco, o país vem acelerando sua autonomia. Além disso, aposta em alianças com países do Sul Global — como Brasil, Índia e Rússia — para reduzir a influência dos EUA sobre as normas e padrões da internet, da produção de dados e da governança digital.
Essa rivalidade já afeta diretamente os consumidores. A polarização digital se reflete em restrições a aplicativos, espionagem cibernética, plataformas incompatíveis e disputa por redes 5G. Há também uma guerra de narrativas: enquanto os EUA acusam a China de vigilância estatal e controle da informação, o governo chinês denuncia o que chama de “imperialismo digital americano”, baseado em vigilância privada e manipulação de dados.
Seja como for, a disputa tecnológica entre as duas maiores economias do mundo não mostra sinais de trégua. Em vez disso, ganha novas frentes: computação quântica, carros autônomos, energia limpa e, mais recentemente, inteligência artificial generativa. A pergunta que ecoa no cenário internacional é simples e poderosa: quem vencerá o controle das tecnologias que moldarão o futuro?