O Brasil registrou em 2024 1.450 feminicídios, uma alta em comparação ao ano anterior, marcando novo recorde para a série histórica. São aproximadamente quatro mulheres mortas por dia em razão de sua condição de gênero. 
Os casos de estupro também atingem números críticos: 71.892 casos em 2024, o que corresponde a cerca de 196 estupros por dia. Embora haja uma pequena queda em relação a 2023, os índices permanecem elevados e indicam barreiras persistentes no enfrentamento desse tipo de violência. 
Outra frente de dados revela que, de janeiro a julho de 2025, o serviço Ligue 180 recebeu mais de 594 mil atendimentos relacionados a violência contra a mulher, com cerca de 86 mil denúncias formais. A maioria das ligações foi por telefone; vítimas pretas formam uma parcela significativa das denúncias, assim como relacionamentos íntimos contribuem fortemente para os casos. 
No Paraná, há indícios de avanços: entre 2013 e 2023, os homicídios violentos de mulheres caíram em 18,7%, com taxa passando de 5,1 para 3,9 casos por 100 mil habitantes. O estado se destaca como único no Sul com tendência decrescente nesse tipo de crime no período. 
Mesmo assim, os desafios são claros. A violência doméstica, psicológica, sexual e de intimidade — muitas vezes invisíveis — continuam raramente denunciadas. Medidas protetivas nem sempre são suficientes ou aplicadas a tempo, e as políticas públicas enfrentam obstáculos como subnotificação, falta de acolhimento qualificado e desigualdade racial e regional.
O que se impõe, portanto, é uma combinação de esforço institucional, conscientização social e responsabilização efetiva. Ampliar redes de proteção, fortalecer o acesso à justiça e garantir suporte psicológico são pressões urgentes. Só assim será possível transformar dados alarmantes em mudanças concretas.