Nesta quinta-feira (18), o Ministério da Saúde dá um passo importante na construção de políticas públicas mais inclusivas ao lançar, em Brasília, a nova linha de cuidado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O documento, que passa a orientar oficialmente o diagnóstico, a assistência e os encaminhamentos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), representa um marco na organização dos serviços de saúde voltados à neurodiversidade no país. O lançamento será acompanhado por um anúncio específico para o Paraná: a ampliação de atendimentos especializados no estado, dentro do programa Agora Tem Especialistas.
O evento estadual acontece às 14h, na sede da Associação Franciscana de Educação ao Cidadão Especial (AFECE), em Curitiba, com a presença da coordenadora técnica da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, Ângela Pistelli, e da chefe de divisão de Transferência de Recursos da Superintendência do Paraná, Elisabete Harumi Morikawa. Na prática, serão implementados novos serviços para atender pessoas com deficiência e com TEA, com foco no cuidado multidisciplinar, diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo.
A nova linha de cuidado para TEA é uma resposta concreta à crescente demanda por acolhimento estruturado e capacitação profissional no atendimento a pessoas no espectro autista. Ela contempla desde a identificação dos sinais até o suporte terapêutico e social ao longo da vida, integrando as redes de atenção básica, especializada e hospitalar. A iniciativa prevê ainda articulação com áreas como educação e assistência social, reconhecendo que o cuidado vai além do consultório médico.
No Paraná, a ampliação de serviços se dá em sintonia com uma política de regionalização da saúde. Municípios que antes não contavam com atendimento especializado agora passam a integrar a rede de suporte, encurtando distâncias e garantindo mais acesso. “Esse movimento descentraliza a atenção, aproxima o cuidado das famílias e qualifica o SUS para responder à complexidade do autismo”, destacou Ângela Pistelli, que também ressaltou o papel estratégico da atenção especializada como elo entre a porta de entrada do SUS e os serviços de alta complexidade.
Além de Curitiba, os avanços devem beneficiar diretamente outras 18 unidades da federação e o Distrito Federal. A expectativa é que o modelo adotado no Paraná sirva de referência para a expansão nacional. O programa Agora Tem Especialistas já demonstrou resultados positivos em outras áreas da saúde, como a oftalmologia e a neurologia, e agora direciona esforços para uma área historicamente marcada por invisibilidade e desinformação: o autismo.
A iniciativa é um alento para famílias que enfrentam longas jornadas em busca de atendimento adequado e reforça o compromisso do SUS com a equidade e a inclusão. Em tempos em que o debate sobre saúde mental e neurodivergência ganha relevância pública, ações como essa mostram que é possível avançar — desde que haja escuta, ciência e vontade política. Em breve, cuidar de quem está no espectro deixará de ser exceção para se tornar, finalmente, política de Estado.