A juventude brasileira está mais conectada do que nunca — e, pela primeira vez, essa conexão está moldando de forma concreta o cenário eleitoral. Nas eleições municipais de 2024, redes sociais como TikTok, Instagram, YouTube e X (antigo Twitter) deixaram de ser apenas vitrines de campanha para se tornarem verdadeiras arenas políticas. Ali, entre trends, lives e comentários virais, nasce e se fortalece a nova geração de eleitores.
Com linguagem acessível, estética ágil e discursos emocionais, políticos e influenciadores disputam atenção em vídeos curtos, memes estratégicos e debates ao vivo. A ideia de “fazer campanha” ganhou um novo sentido: mais do que prometer, agora é preciso engajar. E para milhões de jovens entre 16 e 24 anos, que votarão em 2024, o voto é muitas vezes definido ali mesmo — na tela do celular, entre um story e outro.
Esse fenômeno traz oportunidades e desafios. Por um lado, o acesso à informação política nunca foi tão amplo. Jovens que antes se mantinham distantes do debate público agora acompanham votações, fiscalizam candidatos e compartilham conteúdo de impacto. Por outro, cresce o risco da desinformação, da manipulação emocional e da formação de bolhas digitais, onde fatos são substituídos por narrativas enviesadas.
Pesquisas recentes indicam que a confiança em influenciadores supera a credibilidade de partidos ou jornais tradicionais entre os mais jovens. Isso significa que a comunicação política precisa passar por intermediários carismáticos — muitas vezes sem preparo técnico ou compromisso jornalístico — que filtram os temas com base em engajamento, e não em profundidade. A consequência é um debate mais raso, porém mais presente no cotidiano digital.
Além disso, há uma reconfiguração dos símbolos políticos. Em vez de siglas e ideologias, os jovens se conectam com pautas: meio ambiente, equidade racial, direitos LGBTQIA+, educação e oportunidades. Isso obriga candidatos a mudarem sua abordagem, abandonando o palanque tradicional e buscando formas mais autênticas de dialogar com esse eleitor que rejeita formalidades e valoriza coerência.
No fim das contas, o voto jovem de 2024 não será apenas um recorte estatístico — será um reflexo direto de como a política brasileira está se adaptando (ou não) a um novo tempo. Um tempo onde cada curtida, cada comentário e cada compartilhamento pode valer tanto quanto um voto.