O governo da Venezuela, liderado por Nicolás Maduro, divulgou um comunicado nesta quinta-feira (24) criticando duramente o Brasil pelo veto ao ingresso do país no bloco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
No documento, o regime venezuelano comparou as políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusando o Itamaraty de adotar posturas de “ódio, exclusão e intolerância”, alinhadas aos interesses dos “centros de poder ocidentais”.
A declaração reflete o descontentamento de Maduro com a decisão brasileira, que teria frustrado as expectativas de aproximação econômica e política entre a Venezuela e os membros do BRICS. Para o regime venezuelano, o veto é um sinal de que o Brasil continua sendo influenciado pelas mesmas diretrizes que predominaram durante o governo de Bolsonaro, apesar da mudança de liderança.
O regime Maduro também afirmou que o veto é uma oportunidade perdida para o BRICS fortalecer sua influência global com a inclusão da Venezuela, especialmente em setores estratégicos como petróleo e energia.
O Brasil, por sua vez, justificou a decisão alegando que o bloco está focado em questões internas e que, no momento, não seria o ideal para a expansão do grupo. O Itamaraty reafirmou a importância da estabilidade política e econômica como critérios para a entrada de novos membros no BRICS, o que teria sido um fator crucial no veto à Venezuela.
A comparação entre Lula e Bolsonaro marca uma ruptura no discurso tradicional do regime de Maduro, que anteriormente via o governo Lula como mais alinhado com os interesses bolivarianos e de esquerda na América Latina. A tensão diplomática agora abre um novo capítulo nas relações entre Brasil e Venezuela, que permanecem delicadas, apesar de esforços anteriores para reaproximação.
Foto: Federico Parra/AFP