Três quadras separam duas lojas no centro de San Salvador de outro estabelecimento que fica acima, na rua 15. Ambos possuem algo em comum: os comerciantes precisavam pagar extorsão duplicada para gangues há dois anos que dominaram praticamente todo o país, a Barrio 18 e a MS-13. Mesmo com uma das lojas pertencendo a um território controlado por outra facção diferente.
Uma das comerciantes comentou que foram pelo menos US$ 125 (R$ 625 no câmbio atual) mensalmente destinados a esses pagamentos. Ela ainda chegou a dizer também que já presenciou todo tipo de violência na região, como funcionários de lojas vizinhas assassinados, ameaças e execuções à luz do dia. Por anos, a criminalidade foi a maior fonte de preocupação por todos que moravam no país.
Porém, para conseguir reverter esse quadro, o presidente licenciado do país, Nayib Bukele, decidiu eliminar os contrapesos da democracia local e lançou uma grande operação de encarceramento em massa. No “milagre salvadorenho”, ele priva os cidadãos do direito de serem imediatamente informados sobre o motivo de eventuais detenções que possam sofrer. Hoje, o país conta com 100 mil presos, em um universo de 6 milhões de habitantes.