O Governo do Paraná lançou uma iniciativa ambiciosa: diferenciar o estado do restante do Brasil junto à União Europeia, qualificando‑o como território de baixo risco ambiental. A proposta é que essa classificação especial reduza exigências para exportação de produtos agroindustriais, tornando-os mais competitivos no mercado europeu.
Para isso, o Estado vai implantar a Plataforma Paraná Sustentável, uma ferramenta tecnológica que usará inteligência artificial para consolidar dados ambientais, sanitários e produtivos de propriedades rurais. A ideia é unificar diferentes cadastros e garantir transparência — com registros geográficos, cadastros ambientais rurais (CAR), e indicadores de sustentabilidade.
Atualmente, cerca de 244 mil propriedades do Paraná têm o CAR regularizado, o que corresponde a aproximadamente 45% do total estimado de propriedades no estado — ou algo em torno de 500 mil. Esse ponto mostra que há uma base já avançada para suportar o monitoramento ambiental exigido. Se o Paraná conseguir prova documental e ferramentas de controle à altura, pode evitar auditorias presenciais caras e demoradas impostas pelos mercados externos.
Um dos impulsores da iniciativa é a nova regulamentação da União Europeia, que a partir de dezembro exigirá que importações sejam provenientes de áreas não desmatadas após 2020 ou que atendam normas ambientais e sanitárias estritas. Nesse cenário, ficar “no padrão Brasil genérico” pode trazer custos maiores ou até restrição de acesso para muitos produtores.
A plataforma contará com tecnologia para cruzar bases de dados estaduais e federais, realizar análise documental automatizada, uso de geolocalização, CEP Rural, entre outros recursos, para mapear, provar e acompanhar o cumprimento dos requisitos exigidos pela UE. Também está prevista parceria com empresas de tecnologia para viabilizar esse sistema.
Se implementada com êxito, a medida pode trazer ganhos importantes não só em exportações, mas no valor agregado dos produtos agroindustriais, na economia local, no estímulo a práticas sustentáveis e no reconhecimento internacional do Paraná como área com forte compromisso ambiental. Por outro lado, será necessário garantir que pequenos produtores consigam acompanhar essas exigências tecnológicas e burocráticas — sem que fiquem excluídos da nova realidade.