Na zona norte de Curitiba, os efeitos das chuvas intensas e o crescimento urbano acelerado levam a riscos concretos de alagamentos — cenário que motiva a iniciativa da Prefeitura de Curitiba para implantar um modelo inédito de “parque-esponja” na região do Rio Atuba, no bairro Santa Cândida. O projeto conjuga infraestrutura de macrodrenagem com espaços de lazer, ampliando o olhar sobre a cidade: não apenas conter a água, mas ampliar a convivência urbana.
As intervenções principais consistem na construção de duas bacias de contenção — com capacidade para armazenar cerca de 150 mil m³ de água (o equivalente a 60 piscinas olímpicas) — além da implantação de galerias, rede de drenagem e via-parque de aproximadamente 1 000 metros, na Rua Irma Schreiner Maran. A previsão é que o sistema de macrodrenagem esteja operando no verão de 2026/2027, o que sinaliza agilidade diante de um desafio estrutural de longo prazo.
O modelo “parque-esponja” se inspira em soluções sustentáveis: no final da obra de contenção, o espaço será transformado em parque linear com bosques nativos, preservação de araucárias, ciclovia, pistas de caminhada, quadras e playgrounds — ou seja, um local de lazer que também funciona como infraestrutura para a cidade armazenar e drenar água de chuva. Para os moradores dos bairros Santa Cândida, Bacacheri, Atuba e Cajuru, além da região metropolitana, essa iniciativa representa um ganho duplo: mais segurança contra as intempéries e mais opção de convivência urbana de qualidade.
Um detalhe relevante é que a obra faz parte do programa PRO Curitiba — que reúne cerca de R$ 6 bilhões em obras estruturantes e sustentáveis para a cidade — o que reforça o caráter estratégico, urbano e ambiental da intervenção. A articulação mostra que não se trata apenas de uma obra isolada, mas de um avanço em como a cidade lida com água, solo e lazer urbano de forma integrada.
Para além da técnica, o impacto social é significativo. A obra é aguardada com expectativa pelos moradores que vivem à beira do rio e já enfrentam enchentes em dias de chuva intensa. A lógica de transformar risco em oportunidade — de que o espaço que antes era vulnerável agora se torne área de convivência — é um convite para ressignificar bairro e cidade. Como reforçou a secretária do Meio Ambiente, Marilza Dias, “será um novo espaço de lazer para as pessoas”, unindo preservação, esporte e integração urbana.
Em resumo: a cidade antecipa um futuro mais resiliente e mais humano. O novo parque-esponja mostra que investimento em drenagem não precisa ser apenas funcional, mas pode tornar-se ativo urbano — abrindo caminho para que a água que vulnerabilizava se transforme em parte de um sistema que acolhe, revigora e conecta os moradores entre si e com seu território. Afinal, melhorar qualidade de vida é também reduzir o risco — e esse projeto está em boa direção.






